Doces, os dedos deslizam
Acariciando suavemente o papel
Onde o verso foi escrito;
Dito na tua boca o poema soa a mel;
Bailam loucas ideias, um luxo no ar,
Cores pintam no céu
O infinito do teu olhar...
Consciente da mentira a folha cai por terra,
Atirada contra a parede, a palavra chora,
A voz calma do sonho na crua realidade berra,
A resposta merecida que já não se cala:
Egoísta, orgulhosa, mal educada,
Desantenciosa, meia marada,
Mandona, pirosa, calona, vaidosa,
Foleira à maneira, sem estilo na prosa;
Rosa manhosa de espinho aguçado
Cravado na carne de qualquer coitado,
Bruxa, peste, monstra, má!
Que luxo é que resta, mostra lá!
Boca de mel, lingua de fél,
Atreita ao atrito, mente cruel.
O olhar infinito, deixa-me aflito,
Não calo, não grito... mas rasgo o papel!...

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